Na manhã desta terça-feira (10), o grupo indígena que ocupa a área do Jaraguá desde o dia 30 de janeiro na zona norte da capital enfrentou policiais militares e a tropa de choque. Os indígenas protestaram contra o cumprimento de reintegração de posse da área nativa.
Segundo a Prefeitura de São Paulo, o terreno pertence a construtora Tenda. A empresa possui o objetivo de construir um empreendimento com 11 torres e 880 apartamentos para o programa Minha Casa, Minha Vida no local ocupado.
O grupo indígena da etnia Guarani Mbya quer que a área seja destinada à criação de um Memorial da Cultura Guarani e um parque ecológico. Com o objetivo de impedir a derrubada de árvores, os indígenas ocuparam o local.
Durante a ocupação, os indígenas plantaram 800 mudas em protesto contra as árvores derrubadas. O Ministério Público de São Paulo apura a denúncia de que a construtora teria destruído cerca de 4 mil árvores na reserva.
O líder indígena, Thiago Karai Djekupe, afirmou que orientou as crianças a saírem do movimento, mas os demais ficarão. “Vamos ficar aqui, vamos rezar. Vou pedir para quem queira sair, as crianças principalmente, saírem”. “Nós somos guardiões da floresta. Peço que entendam o quanto é sagrado para nós essa terra. Não dá para simplesmente uma juíza decretar a morte de um povo”, acrescentou.
O Djekupe, líder do movimento, acredita que os policias designados para o ocupação não estão com “boa-fé”. “Mesmo eles falando que não querem fazer a reintegração de posse, mesmo eles falando que não estão contra a gente, eles vieram sem identificação alguma. E se vieram sem identificação, é porque não vieram de boa-fé”.
Em contrapartida, o coronel Alexandre Bento, responsável pela operação afirmou que “a ideia não é causar nenhum tipo de problema e nem agir no anonimato”. Ainda sobre o comentário de indígenas, disse que não viu nenhum policial sem identificação. “Não vi, mas se tinha policial sem identificação, não tem mais, pedi a todos que ficassem com a identificação e agora estão todos, como você pode conferir”, afirmou.
Os vereadores Gilberto Natalini do PV e Eduardo Suplicy do PT acompanharam a negociação entre a polícia e os índios. “A nossa cidade não pode mais derrubar nenhuma árvore, precisa preservar a Mata. É questão de sobrevivência. Tem muita área em São Paulo apropriada para construção, não precisa ser em áreas de Mata, muito menos de manancial. Eu responsabilizo a Prefeitura pela omissão em todo o processo”, afirmou Gilberto Natalini.
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